Hoje será uma noite especial. Meu senhor, o grande Ansgar Ellinor, autorizou que eu, sua prole recolhesse nas intrínsecas teias do destino, três novos membros para nossa capela em Roma. Espero apenas que ele não se arrependa de sua decisão, como acredito que eu não esteja errada. Três crianças nascerão esta noite, espero que meu porte, me garanta o título de senhora, e espero sinceramente que elas me enxerguem como tal. O nome Danika Dainsv será pronunciado novamente esta noite, a verdade que iluminará minhas performances futuras caminhará ás minhas mãos com sapatilhas de cristal, o nome Romanov será ouvido não só de minha boca, e o fundador de todos os mistérios sorrirá ao saber o poderio do clã que criou. Pensando bem, como é trágico o meu clã. Usurpando tudo o que não é de seu direito, amando tudo o que não deveria ser amado, criando e blasfemando contra as normas do pai dos cainitas. Como será o futuro de nosso clã? Provavelmente odiado. Odiado por ser o clã mais proeminente, dinâmico e forte de todos. É a este clã que trago hoje novas crianças, estas que me ajudarão em minhas construções e observações. É trágico olhar ao meu redor e apenas ver pedras, quase vergonhoso saber que todo um futuro inegável nascerá debaixo de tantas pedras, no frio e mal iluminado passagem subterrânea de um castelo. Este que se torna um simples castelo, uma simples paisagem perto da grandiosidade do que está ocorrendo em seu ventre. Agora, não haverá mais volta que essas novas almas amaldiçoadas tenham destinos grandiosos dentre outras almas caídas.
Não permito que eles saibam, mas esta é minha predileta. Dana Narcius. Nova como quando fui abraçada, tão cheia de vida e perspectiva como eu nos meus tempos, e com um dom impressionante, assim como eu. Não é o mesmo que o meu, é um o qual os ciganos amariam ter nas mãos. Mas sabem como dizem, é de quem chegar primeiro, e quem chegou, fui eu. Esta pequena flor era atormentada por fadas. Consegue vislumbrar caminhos ao horizonte em meio o caos feérico. Ainda não entendo seus métodos de leitura, mas digo que ela sabe fazer um fortíssimo hidromel, por mais que ela tenha insistido que todo hidromel é fortíssimo.
E aqui se encontra o audacioso espanhol Julio Martín. Sua família era conhecida por toda Espanha, até que de súbito ele enlouquecera. Jogaram-no no porão mais profundo e fedido da Espanha e ele, apodrecia nas masmorras. Loucura? Não! Se os humanos soubessem apenas metade do que sabemos, os membros já estariam extintos. Um homem como Julio, letrado e educado como nobre que era, apenas por acontecer fatos bizarros por onde passava, fora considerado louco e posto nos calabouços. Se não fosse pela influência da família, estaria morto, e com ele seu dom morreria. Falar com os mortos, este é o perverso dom que o destino, e não o demônio deu a este jovem. Se não fosse pelo meu ritual, nunca o teria resgatado sem que alguém me percebesse. Mais uma vez o homem foi fraco e rogou por salvação e purificação. Eu a concedi, por longos e longos anos.
Ah querida Annya, a salvei de seu cruel destino, como querias. Teve a audácia de prometer sua fortuna para Deus se algo lhe salvasse. Tola, não sabes que há mais coisas neste mundo do que nossa mente possa criar em mil anos? Julgava que sua alma estava perdida, quando na verdade eras escolhida pelo destino para se tornar uma artífice, uma maga. Para especificar mais um pouco, a tradição desta pequena era Eutanatos. Ninguém a ajudou, ninguém lhe mostrou o caminho, pelo contrário, as visões se intensificaram e ela foi à igreja. Tola, tratada como bruxa, quase morrendo nas mãos da igreja, se o que esperamos já houvesse começado, estaria morta. Rogou por salvação, e eu Danika Dainsv, joguei a na danação como nenhuma outra criatura fará de novo. Mas por hora, permita me dizer que esta é a salvação que esperava, e ficará mais feliz por séculos.
“Agora veremos meu caro senhor, se esperava por tão belas obras primas.”